Os jovens que estão entrando hoje no mercado de trabalho talvez não imaginem que o desemprego – pelo menos na magnitude atual - nem sempre existiu. O momento crucial no surgimento dos níveis atuais de desemprego foi o início da década de 80. “Antes disso, o desemprego surgia em momentos de crise econômica, como a crise de 29 ou a modernização da indústria têxtil na primeira metade dos anos 50. Depois disso ele desaparecia”, afirma Cláudio Dedecca, economista da Unicamp.
Mas, em 1979, o fim do fluxo de crédito pelos Estados Unidos, que havia impulsionado o crescimento econômico do país naquela década, inicia uma crise sem precedentes no país. O resultado é uma queda de 25% na produção industrial e no emprego, e o desemprego chega ao patamar inédito de 20% da população economicamente ativa na cidade de São Paulo. A partir daí, surge o que se chama de desemprego estrutural, um desemprego que não desaparece mesmo quando a conjuntura econômica melhora.
Esse novo tipo de desemprego vai assolar principalmente as zonas urbanas com maior intensidade industrial. “A Grande São Paulo desponta como o centro da crise, já que boa parte dos desempregados era originária de grandes empresas industriais. Como não havia proteção adequada ao desempregado, a situação se traduzia também na busca de atividades irregulares para sobrevivência e para financiar a busca de um novo trabalho”, diz Dedecca.
Hoje, de acordo com os dados do Dieese e Seade, o tempo médio para um desempregado conseguir um trabalho é de 52 semanas. Segundo uma pesquisa da FGV, realizada em abril, 55,4% dos entrevistados acreditam que vai ser mais difícil conseguir emprego nos próximos seis meses, proporção 6% maior do que no mês anterior. A pesquisa reflete a insegurança que o desemprego permanente causa na população, que vê o mercado de trabalho como uma de suas maiores preocupações.
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