Leia abaixo principais momentos da entrevista com Nadya, ou acesse a entrevista completa.
Projetos de Pós graduação
Nadya Araújo Guimarães iniciou sua carreira acadêmica na iniciação científica, estudando o comportamento eleitoral do Estado de Goiás, um importante reduto do voto comunista nas eleições de 45 e 47. O comportamento era surpreendente, já que o Estado era “suficientemente atrasado para levar qualquer estudioso a crer no irresistível e completo controle oligárquico da sua política”. No mestrado, continuou pesquisando o Estado de Goiás, dessa vez abordando a política oligárquica da região. Defendeu a dissertação em 1974 na Universidade de Brasília, sob a orientação de Bárbara Freitag.
Na tese de doutorado, o foco se alterou para reflexões sobre radicalismo político e comportamento de esquerda, mais especificamente de desempregados e sub-empregados urbanos, os então chamados “grupos marginais”. A tese foi defendida em 1983 na Universidade Nacional Autônoma do México sob a orientação de Ruy Mauro Marini,
Ainda como professora e pesquisadora na Universidade Federal da Bahia, iniciou um projeto sobre o “novo sindicalismo” fora do ABC, na periferia da dinâmica industrial brasileira. “Acompanhei o movimento de desconcentração industrial e de relocalização da moderna produção químico-petroquímica que tem lugar no Nordeste, promovido pelos governos militares a partir da segunda metade dos anos 1970”.
Na obtenção do grau acadêmico de Livre-Docente em Sociologia do Trabalho, pela Universidade de São Paulo, em 2002, consolidou seu ciclo de estudos no campo da sociologia do trabalho industrial no Brasil, ainda a partir do caso da industria petroquímica, mas agora comparando as realidades de São Paulo e Bahia, seus maiores pólos no Brasil.
Maiores obstáculos e dificuldades na carreira de pesquisadora
O primeiro foi o regime militar. “Minha saída para o México, em busca da formação doutoral se dá num momento (meados dos anos 1970) em que a reflexão crítica das Ciências Sociais se tornava cada vez mais difícil em países como o Brasil, o Chile e a Argentina”.
Já de volta ao Brasil, o maior obstáculo foi o financiamento da pesquisa. “a irregularidade no fluxo de recursos para apoio à pesquisa [...] aliada à progressiva retirada das instituições financiadoras internacionais, conseqüente à redemocratização e estabilização das instituições acadêmicas[...] foram fatores que por certo dificultaram, e muito, a vida dos que estão envolvidos com a pesquisa e produção de conhecimentos”.
Organização das pesquisas
Apesar da agenda cheia, Nadya encontra tempo para orientar 15 alunos de pós graduação. Para ela, isso é possível porque a pesquisa, a orientação e a agenda profissional são pensadas como atividades que confluem para um mesmo campo temático. “Trabalhamos de modo coletivamente organizado, o que faz o trabalho, mesmo pesado, fluir de maneira mais fácil, compartilhada e prazerosa”.
Redes internacionais de pesquisa
A passagem pelo antigo Departamento de Ciências Sociais da Universidade de Brasília, entre 1968 e 1974, foi o primeiro passo na inserção em redes internacionais da pesquisa de Nadya. Na época, era uma política do Departamento nomes trazer nomes de importância internacional para contribuir na formação da Sociologia do Brasil. O estudo no exterior, seja no doutorado seja no pós-doutorado, também foi importante. “Deslocar-se do Brasil para estudos no estrangeiro quase que naturalmente conduz à criação de elos, inicialmente de amizade e de tutoria intelectual, posteriormente de parceria científica, que repercutirão por longo tempo”. Por fim, foi fundamental a crença na importância das comparações contextualizadas, como forma de elucidar e compreender especificidades das realidades que nos importa interpretar.
Contribuição da sociologia do trabalho em um período marcado pelo desemprego
“Uma sociologia dos fenômenos relacionados ao trabalho e ao desemprego nos permite elucidar processos, esclarecer tendências especificas a realidades e avançar hipóteses explicativas sobre os determinantes da natureza desses fenômenos”. Além disso, ela acredita que esses estudos podem ser de enorme utilidade para os organismos, públicos ou privados, produtores de dados, bem como a formulação de políticas públicas.
Por fim, quais os seus projetos futuros?
Poder continuar pesquisando, escrevendo e ensinando, sempre aberta a novos temas, teorias e estratégias de construção metodológica dos estudos.
Links
Site de Nadya Araújo Guimarães ( http://www.fflch.usp.br/sociologia/nadya )
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