Número Três - outubro/novembro/dezembro de 2004
SP em Debate

Quais são as maiores prioridades e os maiores desafios nas políticas públicas em favelas?

“A prioridade número um das políticas públicas em favelas diz respeito aos temas que envolvem a chamada urbanização da favela. Isso implica a construção de vias públicas e redes de serviços básicos (água, esgoto, iluminação, etc.), bem como a remoção de habitantes de áreas de risco. A chamada regularização fundiária deve se seguir à política de urbanização, garantindo aos favelados posse definitiva de suas casas, o que aumenta sua segurança e estabilidade familiar. Outras políticas públicas, como a educacional, transportes, saúde, transferência de renda podem e devem também acontecer em paralelo quando possível.”
Haroldo da Gama Torre, Coordenador da Área de Transferência de Tecnologia do CEM

“Para avançar é necessário priorizar a articulação da política urbana com a política habitacional e promover a integração da favela à cidade, garantindo também o acesso a uma habitação adequada. É também prioridade integrar as ações e políticas. Para urbanizar favelas em regiões metropolitanas é necessário produzir novas moradias para viabilizar a diminuição do adensamento e de situações de risco. É necessário executar obras de saneamento, promover a recuperação urbanística e ambiental do bairro e favela, assim como integrar esta ação com outros programas sociais que buscam combater a exclusão social. Portanto, é prioridade romper com a visão setorial.

Embora sejam relevantes os resultados alcançados em termos de melhoria das condições de vida, assim como as inovações trazidas com o aprimoramento das políticas de urbanização, permanece o desafio de tornar abrangente a intervenção e de reverter o processo de ‘enxugar gelo'. É necessário ter a retaguarda de uma política estadual e federal de habitação que garanta o acesso da população de menor renda ao mercado imobiliário formal.”
Rosana Denaldi, Secretária de Habitação de Santo André

“Em primeiro lugar, as obras de urbanização não devem ser intervenções pontuais, mas integrar-se nos projetos de um conjunto de intervenções nos bairros, buscando uma integração física e social com o entorno. Os investimentos devem ser contínuos e seguir um plano global que envolva a todos, desde funcionários, prestadores de serviço da administração e técnicos até empreiteiros e gestores urbanos. Os fundos federal e estaduais devem passar a financiar essas obras, por serem áreas irregulares e sem título, priorizando associações cooperativas. Um dos maiores problemas é que os poderes legislativos e executivos têm sido pouco eficientes no desenvolvimento de instrumentos legais (e registrários) para facilitar a intervenção pública, as parcerias ou resolução de conflitos com proprietários privados e a regularização (registro) do parcelamento.

Outro problema é que, após obras de melhorias na região, muitos moradores perdem o direito às tarifas social do serviço, de acordo com os critérios das concessionárias. Com o fim do benefício, os moradores não podem usufruir dos novos serviços. Por fim, a sociedade e os órgãos de imprensa precisam aceitar a adequação dos bairros que resultam das urbanizações. Todos esses são aspectos essenciais para que os moradores possam obter financiamento para melhoria habitacional.”
Laura Bueno, professora da Faculdade Arquitetura e Urbanismo da PUC-Campinas.


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