Escola
no lugar certo Uma parceria entre a prefeitura de Guarulhos e o Centro de Estudos da Metrópole está demonstrando que os mapas produzidos por geoprocessamento podem ser uma ferramenta importante para a expansão e o bom funcionamento da rede escolar de uma cidade. Os mapas indicam os locais de maior demanda e escassez de vagas, e estão sendo usados pela Secretaria de Educação da cidade para escolher os locais prioritários para a construção de novas escolas na expansão da rede e para aproveitar melhor as que já existem. Como as prefeituras geralmente não dispõem de dados objetivos suficientes para identificar as regiões de maior demanda, a escolha acaba sendo, tradicionalmente, influenciada pela pressão da sociedade civil ou dos vereadores. O resultado disso é que as regiões mais organizadas acabam ganhando mais escolas do que a periferia, onde há mais crianças devido ao maior crescimento populacional. “Os mapas ajudam a evitar, dessa forma, uma situação que já se tornou típica das cidades brasileiras: a carência de vagas na periferia e a ociosidade de vagas no centro”, diz Haroldo Torres, coordenador da Área de Transferência do CEM e um dos coordenadores do projeto. Os mapas foram feitos com o programa maptitude, a partir de dados do IBGE e do senso escolar do MEC. Os cálculos também levaram em conta o crescimento da população infantil, que foi calculado a partir de uma comparação com os dados do senso do IBGE de anos anteriores. Outros fatores que podem influenciar a demanda por vagas também foram considerados, como a construção de novos prédios ou condomínios e o reassentamento de famílias por causa de obras.
A parceria entra agora numa segunda fase, que vai localizar os alunos no mapa a partir de seu endereço, identificando a escola mais próxima de cada aluno e fornecendo informações mais precisas sobre a oferta e demanda de vagas. “Será possível transferir os alunos para as escolas mais próximas de suas moradias, verificando de antemão a possibilidade de formar classes de acordo com o estágio de aprendizagem ou por faixa etária”, diz Eneide de Lima, secretária da educação de Guarulhos. A prefeitura também vai replanejar o transporte escolar para contemplar aqueles que estão mais longe da escola. Além disso, estão sendo feitos mapas dos alunos especiais, identificando a demanda por equipamentos escolares e de transporte adequados . “O maior desafio nesse início de pesquisa está sendo localizar o endereço dos alunos das áreas periféricas, onde o crescimento é acelerado”, diz Sandra Gomes, pesquisadora do CEM e uma das coordenadoras do projeto. “Muitas vezes os endereços estão errados ou então registrados pelo nome popular”. Exemplos curiosos disso foram a “Rua do Frango Assado” e a “Rua Lady Di”, ruas com números e sem nome oficial e que só foram localizadas com uma investigação mais cuidadosa.. A outra parte do projeto consiste em fazer mapas de nascimentos, a partir de dados da Fundação Seade. Esses mapas mostram qual será a demanda de escola infantil daqui a cinco anos, quando as crianças que acabaram de nascer estiverem em idade escolar, ajudando a planejar a expansão da rede ou a implantação de novos equipamentos.
O CEM já realizou 12 projetos de parceria com órgãos públicos, divididos entre permutas de bases de dados, treinamentos, cursos de geoprocessamento e contratos para realização de mapas e pesquisas. Além de Guarulhos, foram feitas parcerias no Embu e em São Paulo para identificar a oferta e demanda na educação.
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