Prefeitura
deverá criar índice ambiental para a cidade
de São Paulo
Secretaria
do Verde e do Meio Ambiente faz parceria com o Centro de Estudos
da Metrópole para criar índices que sirvam de
parâmetro para as discussões sobre a qualidade
do meio ambiente nas diversas regiões da cidade.
Gilberto Stam
Central
Park, Nova Iorque |
No
final de abril, o prefeito de Nova Iorque, Michal Bloomberg,
anunciou um plano de 25 anos para evitar o colapso ambiental
da cidade. O projeto inclui 127 medidas, lidando com o
solo, ar, água, energia e transporte. O projeto
inclui pistas para bicicletas, plantio de 1 milhão
de árvores e novos parques - cada morador não
deverá demorar mais do que 10 minutos para chegar
até um deles de sua residência. Além
disso, planeja cortar em 30% as emissões de gases
estufa, através de medidas polêmicas, como
cobrança de taxa para circulação
de carros em Manhattan. |
A proposta de Bloomberg reflete a tendência de incluir
o ambiente urbano no foco do debate ambiental. Embora iniciativas
isoladas já tenham sido tomadas em diversos lugares
– como a despoluição do Tamisa, de Detroit
e de Cubatão – diversas cidades buscam ampliar
as ações em prol da melhoria do ambiente urbano,
procurando assim evitar um colapso ambiental no futuro próximo.
Uma dessas iniciativas é a criação de
índices ambientais que possam avaliar a qualidade ambiental
em diferentes regiões da cidade. Embora não
haja um consenso internacional sobre quais são os indicadores
que de fato medem a qualidade ambiental de um centro urbano,
há consenso sobre a importância do uso de índices
para facilitar o debate público e a conscientização
sobre os problemas ambientais da cidade, à exemplo
do índice de desenvolvimento humano (IDH) da ONU.
O
Centro de Estudos da Metrópole trabalha no desenvolvimento
de índices para a cidade de São Paulo
desde 2006, quando estabeleceu 80 índices diferentes
para os vários distritos, com base no projeto
GEO Cidades 2004, do Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que incluem desde
o número de registros de fauna e flora e parques
estaduais e municipais, até os indicadores sócio-econômicos
que influenciam na qualidade do meio ambiente. O desafio
agora é criar um índice único,
o chamado indicador sintético, que possa ser
compreendido facilmente por todos.
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Parque
do Ibirapuera, São Paulo |
O seminário realizado pelo Centro de Estudos da Metrópole
junto com a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente
Desafios na Construção dos Indicadores Ambientais
Paulistanos: 5 anos de discussão, foi um passo
nesse processo. “A discussão é recente,
e não existe consenso sobre quais critérios
devem ser utilizados”, afirma Sandra Gomes, pesquisadora
do CEM, que em parceria com a Secretaria do Meio ambiente
está desenvolvendo os indicadores.
A
principal polêmica é se o índice deve
incluir variáveis sociais, como pobreza, ou apenas
estritamente ambientais, como qualidade da água e cobertura
vegetal. “Durante o seminário houve uma intensa
discussão se o índice deveria incluir fatores
sociais ou não, já que, para alguns analistas,
não há como isolar qualidade ambiental das condições
de vida das populações. Ao mesmo tempo, outros
analistas defendem a criação de indicadores
puramente ambientais, onde os fatores humanos seriam apenas
utilizados para caracterizar o contexto e, assim, não
deveriam integrar um índice ambiental ”, diz
Gomes. Os fatores sociais mudam consideravelmente o índice,
no caso da cidade de São Paulo, já que a maior
parte das áreas mais ricas, em termos puramente ambientais,
se encontram na periferia.
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