Número Quatro - janeiro/fevereiro/março de 2005
Matérias

Trabalho e Desemprego
Depoimentos de trabalhadores revelam perplexidade diante da atual situação do emprego

Quando falam sobre momentos mais antigos das suas biografias profissionais, os paulistanos – e muito especialmente os homens – pintam um outro quadro, marcado não por uma recorrência do desemprego, mas por uma recorrência de empregos. Deixar o trabalho não era, nos anos 70, por exemplo, o resultado exclusivo da iniciativa de patrões que demitiam para ajustar seus negócios a momentos de refluxos, como os de crise econômica. “Não raro ouvimos dos trabalhadores que, naquela época, vários motivos ou planos os levavam a ‘pedir as contas': melhorar a casa, casar uma filha, rever parentes que haviam deixado ao migrar. Faziam-no, confiantes de que, com relativa facilidade, reencontrariam trabalho”, diz Nadya. Via de regra, eles conseguiam voltar para o mesmo tipo de trabalho, acumulando e aperfeiçoando uma qualificação talhada na experiência, já que a escolaridade nunca era muito elevada.

Desempregada procura trabalho em cartaz no centro de São Paulo 

Já nos anos 90 a situação muda. Os trabalhadores não sabem perscrutar as oportunidades e não entendem o porquê da inadequação do seu perfil aos postos, já que possuem experiência e foram qualificados ao longo de uma trajetória de trabalho intenso, da qual se orgulham. “Ademais, não se entendem (especialmente os homens) realizando outro tipo de tarefa que não o trabalho profissional. Suas identidades pessoal e profissional parecem postas em cheque.”

Essa situação estabelece um desafio aos esforços pessoais e governamentais de qualificar trabalhadores para o mercado. “A transição para uma nova atividade que garanta a sobrevivência pessoal e da família - mas que nada têm a ver com a experiência de trabalho anterior - esvai o capital de qualificação desses indivíduos”, diz Nadya.

>> Pesquisa compara mercado de trabalho em São Paulo com Paris e Tóquio

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TRABALHO E DESEMPREGO

MATÉRIAS
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