Uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos da Metrópole está ajudando a conhecer melhor a trajetória profissional dos paulistanos [de 1994 a 2001] e as dificuldades enfrentadas no mercado de trabalho nesse período. O projeto, chamado As novas formas do emprego e da mobilidade na metrópole paulista, foi realizado em parceria com a Fundação SEADE e com a USP e faz parte de um amplo estudo comparativo sobre trajetória profissional e desemprego em mais duas metrópoles: Paris e Tóquio.
Em São Paulo, o projeto foi dividido em duas fases: a análise quantitativa, na qual foram entrevistadas 50 mil pessoas através de questionários, e a análise qualitativa, com entrevistas mais detalhadas, onde as pessoas falaram sobre suas experiências profissionais nos últimos 20 anos .
A primeira parte da pesquisa identificou os padrões mais comuns de trajetórias no mercado de trabalho, e mostrou que permanecer num emprego de carteira assinada já se tornou uma raridade na cidade . Dos 50 mil entrevistados, apenas 25% deles manteve-se, no período, em empregos desse tipo. Mas o mais preocupante é que quase um terço da população esteve , no período da pesquisa, privada nos últimos 20 anos de ocupação regular, transitando constantemente entre o desemprego e a inatividade.
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Candidatos aguardam em fila para serem atendidos em um sindicato de trabalhadores
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Tradicionalmente, a inatividade é vista como parte natural do ciclo de vida, quando a pessoa se aposenta, ainda está estudando ou, no caso da mulher, para exercer a maternidade. “Mas, em São Paulo, não é isso que acontece. Aqui a busca pelo emprego é tão difícil que muita gente desiste momentaneamente e acaba sendo classificada pelas pesquisas como inativo”, diz Nadya Araújo Guimarães, coordenadora do projeto.
: Idosos exibem placa com vagas de emprego na rua Barão de Itapetininga. |
Outro fator preocupante é que essas transições, que antes aconteciam apenas em momentos de crise, agora são permanentes. “Ou seja, mesmo quando melhoram as condições econômicas, uma parcela da população permanece sempre desempregada ou transitando em direção à inatividade, ultrapassando, assim, a fronteira de saída do mercado de trabalho”, diz Nadya. |
“Diante dessa situação, parecem borrar-se as fronteiras do mercado de trabalho, tal como classicamente definido na teoria e tal como historicamente existente nos países de desenvolvimento capitalista originário”, diz Nadya.
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