Uma das características das novelas é que o gênero se define por possuir convenções dramáticas estabelecidas. A chamada “transformação” e a liberação dos personagens, um dos motes mais comuns nas novelas, são de especial importância, pois são geralmente associados à ascensão social. “Quando um personagem não realiza a trajetória paradigmática de superação, as pessoas ficam muito insatisfeitas”, diz Esther. O poder de sedução do consumo também foi algo marcante nas entrevistas. “Eles revêm seus pontos de vista e, aos poucos, familiarizam-se com as concepções e valores que são utilizados nos anúncios publicitários, como bens, serviços e estilos de vida por eles promovidos”, diz Heloisa, que morou em Montes Claros durante sete meses para realizar a etnografia com famílias de camadas médias e populares. Esse repertório compartilhado das novelas, no entanto, tende a perder força conforme a indústria do audiovisual se diversifica e as pessoas, principalmente os jovens, procuram outras fontes de informações, não só através de livros e jornais, mas da música e de movimentos como o hip hop, até como uma forma de auto-afirmação diante do mundo de ignorância, analfabetismo e pobreza comumente associados às favelas. |
||||
Versão para Impressão |