Televisão Estudos de recepção na favela de Paraisópolis (SP), Montes Claros (MG) e Timbaúba dos Batistas (RN), ajudam a entender como população pobre assimila e interpreta as telenovelas, a partir de uma realidade bem distinta da dos personagens
Uma hipótese para explicar esse aparente paradoxo é o fato de que a televisão propicia uma espécie de inclusão social simbólica, sem a qual as pessoas estariam desconectadas do mundo. “O conteúdo do programa, por sua vez, cujo objetivo primeiro é o de atingir os consumidores de classes mais altas, faz com que o próprio consumo também seja encarado como uma forma de inclusão social simbólica”, diz Esther Hamburger, antropóloga e pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole. Para entender melhor como a televisão - mais especificamente a telenovela, programa que mais promove um estilo de vida pautado pelo consumo – influencia o comportamento das pessoas, a pesquisadora participou de uma pesquisa de recepção realizada pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).
“Paraisópolis, tinha uma alta porcentagem de TVs coloridas, quase 90%, e de residências com mais de uma televisão, número que chegava a 21%. Na época foi lançado o sistema de TV por satélite, e uma semana depois já havia uma antena no local”, diz Esther, que realizou o estudo em São Paulo. “É freqüente o favelado gastar dinheiro em equipamento caros, pois o consumo representa uma forma de demonstrar que eles são capazes de superar a discriminação social, racial e de gênero.” |
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