Número Seis - julho/agosto/setembro de 2005
Entrevista

Como foi a formação do Centro de Estudos da Metrópole e como isso afetou sua trajetória de pesquisas?

Durante a segunda metade da década de 90, eu trabalhava na Fundação Seade. Ali, duas questões principais me chamavam a atenção. A primeira, é que eu achava que os sistemas estatísticos existentes não cumpriam adequadamente seu potencial de informar os tomadores de decisão. Tínhamos que entender melhor como as decisões eram tomadas, de modo a gerar informações que realmente façam diferença. A segunda, tinha a ver com a percepção de que existia uma baixíssima penetração dos sistemas de informação geográfica na gestão pública, inclusive no Seade, impossibilitando a realização de uma série de análises relevantes. Esses dois elementos constituíram a espinha dorsal da área de transferência do CEM, que começou – no início do projeto – como atribuição do Seade e depois passou para o Cebrap, quando vim para o CEM.

Como surgiu seu interesse e envolvimento com a metodologia quantitativa? Qual é a importância dela hoje nas ciências sociais?

Vindo da economia e demografia, sempre trabalhei com a dimensão empírica dos problemas. A rigor, tenho interesse tanto por metodologias quantitativas quanto qualitativas, que considero muito úteis em inúmeros casos. Mas acho também que os métodos quantitativos, embora não devam ser tratados como panacéia (como muitas vezes acontece), têm uma enorme contribuição a fazer em diferentes áreas das ciências sociais. Infelizmente esses métodos ainda são pouco utilizados nas ciências sociais brasileiras.

Qual a importância de suas passagens pelo exterior, na Universidade de Michigan e no Harvard Center for Population and Development Studies?

Por um lado, tive a oportunidade de ter contato com as ciências sociais no exterior, o que faz toda diferença. Por outro, pude desenvolver melhor algumas habilidades, inclusive em sistemas de informação geográfica.

Como você concilia a carreira acadêmica com as atividades como consultor de pesquisas de mercado?

As coisas aconteceram de modo muito natural. Fui apresentado à empresa onde dou consultoria hoje (Data Popular) por pessoas do próprio Cebrap. E o que acontece é que, também no setor privado, estou interessado na forma como a informação produzida pelas ciências sociais contribui para os processos de decisão.

Quais são os maiores obstáculos na sua carreira de pesquisador?

Temos que admitir que depois da Fapesp esses obstáculos se reduziram de modo importante. Uma questão concreta no meu caso tem a ver com a ausência de financiamento direto para o pesquisador que está fora da universidade. Assim, tenho que buscar formas alternativas para completar meus rendimentos.

Quais são seus projetos futuros?

No curto prazo, estou muito preocupado em analisar os dados do “ survey de acesso a serviços públicos entre os 40% mais pobres”. Trata-se de uma pesquisa que pode trazer uma série de aprendizados para políticas públicas. Em segundo lugar, vejo ainda no CEM alguns desafios técnicos a enfrentar. Primeiro, desenvolver uma base de logradouros que nos permita, de fato, mapear eventos (nascimentos, escolas etc.) na periferia. Segundo, temos que dar um salto coletivo em termos de organização da informação e de tratamento de dados, nos preparando para o Censo 2010.

 

 
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SEGREGAÇÂO

MATÉRIA
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>> Comparação entre favelas em Vila Mariana e Perus revela dificuldades de quem mora mais longe

ENTREVISTA

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DOCUMENTÁRIO
>> Filme aborda a relação entre moradores de favela na Vila Madalena e entorno rico
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ARTIGO ASSINADO
>> Uma nova visão sobre a segregação urbana , por Renata Bichir, pesquisadora do CEM
SP EM DEBATE
>> Moradores das favela de Vila Mariana e Perus contrastam vida nas duas favelas
MAPA
>> Mapa apresenta tour fotográfico das diversas situações sociais em São Paulo
FOTOGRAFIA
>> Quando o carteiro chegar , livro de Mário Rui Feliciani
POESIA
>> Paixão por São Paulo – antologia poética paulistana , livro organizado por Luiz Roberto Guedes
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