Perfil: Haroldo Gama Torres
Você transita entre assuntos variados: população, segregação, demografia, meio ambiente, saúde, economia, educação. Como consegue conciliar todos eles? Apesar da diversidade temática, existe bastante unidade metodológica. O que há de comum nesses diversos campos para mim diz respeito ao uso que faço das fontes de dados e dos sistemas de informações. Em quase todos esses trabalhos utilizo dados censitários e/ou originários de survey e recorro ao auxílio de sistemas de informações geográficas. Como você passou da economia, sua área inicial de formação, para a demografia? Ainda como estagiário em economia fui trabalhar com demógrafos e essa transição se deu de modo natural. Durante o mestrado em demografia, cursei várias disciplinas na área de economia regional e urbana, me especializando numa sub-área denominada “distribuição espacial da população”. Esse campo precisa, por definição, dialogar com outros campos, como a geografia, o urbanismo e a economia regional. Como surgiu o interesse pela área ambiental, tema de seu projeto de doutorado? Desde os anos 80, estava interessado na área ambiental. Ainda como estudante de economia, participei de pesquisas em Rondônia e Sul do Pará, que colocavam de forma muito aguda a questão ambiental. Minha dissertação de mestrado tinha a ver com o tema, tratando da migração para regiões ao Sul da Amazônia. No início dos anos 90 trabalhei numa ONG ambientalista em Brasília. Na verdade, a mudança importante que se deu na minha trajetória foi abandonar os chamados estudos amazônicos e me voltar para São Paulo. Em parte, fui convencido pelo argumento do George Martine de que o nó da questão ambiental se localizava nas regiões que concentravam a maior parte da população e das atividades econômicas. Também estava convencido de que, no Brasil, precisamos pensar a questão ambiental num diálogo sistemático com a questão social, o que orienta bastante o projeto de minha tese de doutorado e o meu trabalho desde então. Qual sua motivação para o estudo desses temas? Penso que a contribuição maior que podemos fazer diz respeito ao aumento das competências estatais para lidar com esses temas. As maiores alegrias que tive com esse trabalho têm relação com contribuições reais que pudemos fazer no plano das políticas públicas, no sentido de instrumentalizar processos de decisão que – no final – significam creches nos lugares corretos, postos de saúde, planos adequados etc. O que te levou a trocar Belo Horizonte por São Paulo? A resposta a um anúncio de emprego no jornal e uma ex-namorada, que mudava então para cá. Como surgiu a parceria com Eduardo Marques? A partir de 1994, fomos colegas no doutorado em ciências sociais da UNICAMP. Junto com um terceiro colega, formamos um grupo de estudos urbanos, que me permitiu avançar substancialmente nessa área. Daí em diante, nós temos trabalhado juntos em diferentes oportunidades. |
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