Número Cinco - abril/maio/junho de 2005
Reportagem

Trânsito
Equipe diverCIDADE segue roteiro do filme Em Trânsito e roda São Paulo colhendo visões sobre o trânsito da cidade


Estação de trem da CPTM
Partimos da Cidade Universitária e seguimos de trem até Osasco, fim da linha C (azul) da CPTM. Voltamos pela mesma linha até o Morumbi, nove estações adiante, e caminhamos 20 minutos até a avenida Ibirapuera, onde pegamos um ônibus para a estação Ana Rosa. De lá, fomos de metrô pela linha 2 (verde) até a estação final Vila Madalena. Ao longo desse trajeto, a equipe de diverCIDADE passou um dia inteiro conversando com pessoas em deslocamento, ouvindo suas opiniões sobre o trânsito de São Paulo e conhecendo suas estratégias para se locomover pela metrópole.

O roteiro não foi escolhido por acaso. O trajeto foi uma tentativa de reconstituir, dentro da nossa limitação de tempo, o recorte do filme Em Trânsito, que entrevistou usuários de trem na zona oeste, de ônibus na zona sul e de metro na zona leste. Além de ouvir opiniões sobre o trânsito (confira na seção “SP em Debate”) nossa preocupação era também conhecer os itinerários e as diferentes motivações por trás da opção por cada meio de transporte.


Moisés dos Santos anda de carro para carregar a mercadoria
Constatamos que de fato todo morador de São Paulo é um verdadeiro estrategista do deslocamento urbano - conforme tese de Renato Balbim, especialista em mobilidade urbana (leia texto sobre sua pesquisa na revista). Ir de um ponto a outro não é uma decisão nada trivial, envolvendo uma análise complexa de fatores variados como tempo, dinheiro, congestionamentos, stress , conforto, os objetivos da viagem e as possibilidades de circulação na cidade que cada meio oferece.

Carro, ônibus, bicicleta, trem, metrô ou a pé?

Um fato surpreendente revelado nas entrevistas é que muitas pessoas possuem carro, mas usam o transporte coletivo por causa do custo. É o caso do pernambucano Gilmar Cruz de Oliveira, de 34 anos, ambulante que trabalha próximo ao Shopping Morumbi. “Para tirar o carro da garagem a pessoa precisa pensar várias vezes, não só por causa do custo do combustível, da manutenção e dos riscos de acidente, mas também pela poluição que ele causa”. Oliveira, no entanto, só passou a usar o ônibus depois da criação do bilhete único. Já Moisés Novaes dos Santos, de 30 anos, outro ambulante das mediações, prefere usar o carro, pois diz depender dele para comprar mercadorias.

Uma alternativa mais econômica é a bicicleta. O vigilante Luis Silvio de Britto, de 26 anos, mora na Cidade Ademar e pedala 30 minutos para chegar ao trabalho, nos arredores do shopping Morumbi, Zona Sul. “O ônibus demora bem mais, porque dá muita volta. Não acho bom andar de bicicleta, mas preciso. Já me roubaram três e também já sofri três acidentes.”

Um dos problemas mais comuns é a falta ou lentidão de ônibus e trens de noite e nos fins de semana. Sandra Pereira Sena, de 23 anos, pretende comprar um carro para não depender mais da carona de amigos para sair à noite. Já a ascensorista Elizabeth Fátima Honório de Souza trabalha nos finais de semana e sofre com a falta de ônibus e trens.

Luis de Britto vai para o trabalho e faz a ronda de bicicleta

Entre os usuários do transporte coletivo, a categoria privilegiada é sem dúvida a dos que utilizam o metrô. É o caso do jornalista Manuel Santos que mora ao lado do metrô Jabaquara e trabalha na Ana Rosa. “No meu caso, o metrô dá todas as condições para viver em São Paulo. Os aparelhos culturais estão próximos das estações, bem como do meu trabalho e da minha casa.”


Gilmar de Oliveira tem carro, mas prefere o ônibus

Seja qual for o meio de transporte escolhido, é sempre bom estar bem informado na hora de escolher a melhor estratégia de deslocamento. Sentimos isso na pele quando chegamos na Avenida Santo Amaro. Havia três pontos próximos um do outro no corredor de ônibus, sem nenhuma indicação sobre os itinerários dos transportes ou qual ônibus parava em qual ponto. Quando se trata de ônibus, conseguir informações no meio do caminho pode ser uma tarefa quase impossível.

 

 
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