Sistema do Brasil é mais próximo do inglês
por Rogério Schlegel
Os sistemas de saúde variam muito de país para país. O SUS faz com que o modelo do Brasil esteja mais próximo do inglês, que tem cobertura universalizada, do que do norte-americano, até hoje altamente excludente e com grande peso do setor privado. Pelo lado negativo, o sistema brasileiro sofre com gasto per capita muito inferior ao de países de economia mais desenvolvida. E isso não ocorre apenas porque o país é mais pobre: o Brasil leva desvantagem mesmo na comparação da parcela do PIB que vai para a saúde, ou seja, tem um PIB menor e também dedica parte menor dele ao setor.
Raio-X dos sistemas de saúde (dados de 2006)
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Brasil |
Estados Unidos |
Reino Unido |
França |
População |
189,3 milhões |
308,8 milhões |
60,5 milhões |
61,3 milhões |
Renda per capita |
US$ 8.700 |
US$ 41.400 |
US$ 33.650 |
US$ 32.240 |
Expectativa de vida ao nascer |
68 (homem)
75 (mulher) |
75,7 (homem)
80,9 (mulher) |
77 (homem)
81 (mulher) |
77 (homem)
84 (mulher) |
Gasto em saúde per capita |
US$ 765 |
US$ 6.714 |
US$ 2.784 |
US$ 3.554 |
Leitos por 10 mil habitantes |
26*** |
32* |
32 |
8,4 |
Gasto total em saúde como % do PIB |
7,5% |
15,3% |
8,2% |
11,0% |
Gasto público como % do gasto em saúde |
44,1% * |
55,8% |
87,1% * |
77% |
População coberta pelo sistema público |
100% |
84% |
99,9% |
96,3% |
É preciso pagar para usar? |
Não |
Sim, com exceção dos tratamentos de emergência |
Não os serviços médicos; exames de vista, dentista e medicamentos são cobrados, mas subsidiados pelo Estado |
Sistema é misto, com parte do atendimento de caráter público e parte, privado |
Tenta universalização? |
Sim, a partir do SUS, que garante atendimento a todos os residentes, sem levar em conta condição de emprego |
Não, sistema não é inclusivo |
Sim, NHS (National Health Service) atende todos os residentes, sem levar em conta situação de emprego |
Sim, a partir do CMU, que se propõe a atender todos os residentes, sem levar em conta condição de emprego |
Há sistema complementar privado? |
Sim, só os planos de saúde representam 17% dos gastos totais da área |
Sistema privado é o principal, com planos do governo para idosos e mais pobres como complementares |
Sim, que dá atendimento complementar a 8% da população |
Sim e ele atinge 95% da população e responde por 13,2% do gasto total em saúde; ele é gratuito para pessoas de baixa renda |
Atendimento público é prestado por hospitais públicos? |
Públicos e privados (remunerados pelo Estado) |
Primordialmente por hospitais privados |
Hospitais e postos pertencem ao NHS, que é quem contrata a maioria absoluta dos médicos e enfermeiras |
Públicos e privados (remunerados pelo Estado) |
É grande a participação privada na saúde? |
O gasto privado representa 55,9% do gasto em saúde (e |
Gasto privado representa 54,2% do gasto total em saúde |
Não, é residual, respondendo por menos de 15% do gasto total em saúde |
Os hospitais públicos representam 65% dos leitos; privados sem fins lucrativos, 15%; com fins lucrativos, 20% |
Principais problemas |
Baixa qualidade no atendimento; desigualdade na distribuição da infra-estrutura hospitalar, com prejuízo para áreas menos desenvolvidas |
Perto de 49 milhões não têm assistência médica; apesar de ineficientes, Medicare e Medicaid (planos estatais para idosos e pobres) já consomem 4% do PIB e devem chegar a 12% em 2050 |
Custos em alta têm levado ao enxugamento do sistema – com a saída de dentistas contratados por exemplo. NHS estimula escolha do paciente para melhorar eficiência |
A estrutura do sistema dificulta o controle de gastos; viabilidade financeira está em xeque desde os anos 1970 |
*Dados de 2005 **2004 *** 2002
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