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DiverCIDADE 19
abril-setembro 2009

SAÚDE - DOSSIÊ SUS

MATÉRIAS

SUS 20 anos: avanços e desafios de um sistema único de saúde

Sistema do Brasil é mais próximo do inglês
Os desafios da relação público x privada do SUS

20 anos à frente: velhos e novos desafios

Descentralização, um princípio do SUS
Descentralização com foco em características regionais é saída, aponta pesquisador
Sistema de Saúde ainda convive com a falta de recursos
Cidades Saudáveis: novas formas de promover saúde
A ampliação do conceito de saúde: um outro desafio para o SUS
Conselhos aproximam a população dos administradores

ARTIGO ASSINADO

Poder Judiciário e a Política de Medicamentos, por Fabiola Fanti

ENTREVISTA

‘Atendimento ao negro pelo SUS precisa avançar’

PERFIL

Vera Schattan Coelho: Saúde e democracia junta
NOTÍCIAS
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Matéria

Sistema do Brasil é mais próximo do inglês

por Rogério Schlegel

Os sistemas de saúde variam muito de país para país. O SUS faz com que o modelo do Brasil esteja mais próximo do inglês, que tem cobertura universalizada, do que do norte-americano, até hoje altamente excludente e com grande peso do setor privado. Pelo lado negativo, o sistema brasileiro sofre com gasto per capita muito inferior ao de países de economia mais desenvolvida. E isso não ocorre apenas porque o país é mais pobre: o Brasil leva desvantagem mesmo na comparação da parcela do PIB que vai para a saúde, ou seja, tem um PIB menor e também dedica parte menor dele ao setor.

Raio-X dos sistemas de saúde (dados de 2006)

 

Brasil

Estados Unidos

Reino Unido

França

População

189,3 milhões

308,8 milhões

60,5 milhões

61,3 milhões

Renda per capita

US$ 8.700

US$ 41.400

US$ 33.650

US$ 32.240

Expectativa de vida ao nascer

68 (homem)
75 (mulher)

75,7 (homem)
80,9 (mulher)

77 (homem)
81 (mulher)

77 (homem)
84 (mulher)

Gasto em saúde per capita

US$ 765

US$ 6.714

US$ 2.784

US$ 3.554

Leitos por 10 mil habitantes

26***

32*

32

8,4

Gasto total em saúde como % do PIB

7,5%

15,3%

8,2%

11,0%

Gasto público como % do gasto em saúde

44,1% *

55,8%

87,1% *

77%

População coberta pelo sistema público

100%

84%

99,9%

96,3%

É preciso pagar para usar?

Não

Sim, com exceção dos tratamentos de emergência

Não os serviços médicos; exames de vista, dentista e medicamentos são cobrados, mas subsidiados pelo Estado

Sistema é misto, com parte do atendimento de caráter público e parte, privado

Tenta universalização?

Sim, a partir do SUS, que garante atendimento a todos os residentes, sem levar em conta condição de emprego

Não, sistema não é inclusivo

Sim, NHS (National Health Service) atende todos os residentes, sem levar em conta situação de emprego

Sim, a partir do CMU, que se  propõe a atender todos os residentes, sem levar em conta condição de emprego

Há sistema complementar privado?

Sim, só os planos de saúde representam 17% dos gastos totais da área

Sistema privado é o principal, com planos do governo para idosos e mais pobres como complementares

Sim, que dá atendimento complementar a 8% da população

Sim e ele atinge 95% da população e responde por 13,2% do gasto total em saúde; ele é gratuito para pessoas de baixa renda

Atendimento público é prestado por hospitais públicos?

Públicos e privados (remunerados pelo Estado)

Primordialmente por hospitais privados

Hospitais e postos pertencem ao NHS, que é quem contrata a maioria absoluta dos médicos e enfermeiras

Públicos e privados (remunerados pelo Estado)

É grande a participação privada na saúde?

O gasto privado representa 55,9% do gasto em saúde (e

Gasto privado representa 54,2% do gasto total em saúde

Não, é residual, respondendo por menos de 15% do gasto total em saúde

Os hospitais públicos representam 65% dos leitos; privados sem fins lucrativos, 15%; com fins lucrativos, 20%

Principais problemas

Baixa qualidade no atendimento; desigualdade na distribuição da infra-estrutura hospitalar, com prejuízo para áreas menos desenvolvidas

Perto de 49 milhões não têm assistência médica; apesar de ineficientes, Medicare e Medicaid (planos estatais para idosos e pobres) já consomem 4% do PIB e devem chegar a 12% em 2050

Custos em alta têm levado ao enxugamento do sistema – com a saída de dentistas contratados por exemplo. NHS estimula escolha do paciente para melhorar eficiência

A estrutura do sistema dificulta o controle de gastos; viabilidade financeira está em xeque desde os anos 1970

*Dados de 2005 **2004 *** 2002